“- Onde se pode comer um bom frango assado em Leiria?
– No D. Duarte.”
Duarte é uma churrasqueira, conhecida pelo seu frango assado, na zona centro.
Quando fomos chamados para fazer o projeto de remodelação deste espaço, foi notório que só quem o conhecia é que sabia que se tratava de uma churrasqueira. Quem passava na estrada da Barosa poderia facilmente confundi-lo com outro restaurante, pois não possuía identidade. Era urgente trazer o conceito e a riqueza da história deste local aos olhos dos demais.
Um espaço que trazia, desde 1984 (ironia coincidir com o nosso ano de nascimento) uma tradição na arte de assar frangos. Como explorar este conceito? Como é que poderíamos trazer o cacarejar para a montra, de forma a não ser um espaço indiferente por quem lá passa?
Foi através da arte urbana que surgiu o conceito. Arte esta que normalmente vemos em grande escala e no exterior, agregámos a técnica e inserimos no interior. Queríamos dar a conhecer a história, a herança. Abrimos a porta deste espaço a relembrar que ali se faz história desde 1984.
Aqui permitimo-nos brincar. Começamos pela chocadeira com vidros amarelos a relembrar onde tudo começa. A iluminação continua dando o ar da sua graça, simulando os ovos. Nas paredes, juntamos as técnicas. Convidámos o Romero para transpor do papel para a parede o projeto por nós criado.
Juntámos duas técnicas: a pintura livre e a serigrafia.
Trazer a Arte à mesa. Ir a uma churrasqueira e ter a Arte a servir de inspiração. Qual foi a última vez que foste a um museu? E porque é que a Arte tem de estar fechada? A ideia foi quebrar essa rigidez e permitir a quem usufrua de uma refeição aqui, sinta que é aqui se saboreia a Arte de comer um bom frango assado.
E não, não ficamos por aqui. Criámos um corredor do tempo. Aqui colocamos uma linha do tempo, onde damos a conhecer o que aconteceu, antes de 1984, para este espaço surgir. Um relembrar que tudo tem um início e são nesses inícios que podemos inspirar tantas outras pessoas.
Continuamos a visita ao espaço e chegamos às instalações sanitárias. Aqui libertamos a nossa criança. Voltámos ao infantário e cantamos todos juntos os clássicos que nos foram ensinados noutros tempos. Quem é que se lembra do famoso “Doidas, doidas, doidas andam as galinhas”? É neste momento que nos permitimos cantar, nem que seja somente na cabeça de alguém, os clássicos de infância.
Neste projeto, o objetivo foi dar identidade a algo que já tinha tudo, só faltava trazê-lo aos olhos de todos.
Fátima Gonçalves



