Quantas pessoas seriam capazes de inventar a roda se ela não tivesse sido inventada?

“O conto das duas pedrinhas

Há muitos anos atrás, numa pequena vila, um agricultor teve o azar de dever uma grande quantidade de dinheiro a um comerciante da região. O comerciante, sendo um homem já velho e rude, achava a filha do agricultor bonita e decidiu propor ao agricultor que lhe perdoaria a dívida se ele aceitasse ceder a mão da sua filha em casamento. Perante esta proposta, tanto o agricultor como a filha ficaram horrorizados e recusaram.

Então o comerciante fez-lhes o seguinte desafio: Ele pegaria em duas pedras do chão, uma preta e outra branca, e colocaria dentro de um saco. De seguida, a filha do agricultor teria de colocar a mão dentro do saco e retirar uma das pedras. Se ela retirasse a pedra branca, não teria de casar com o comerciante e o seu pai teria a dívida perdoada. Contudo, se ela tirasse a pedra preta do saco, as dívidas do pai ficariam perdoadas, mas ela teria de casar com o comerciante. Se se recusasse a tirar uma pedra, o comerciante enviaria o pai dela para a prisão por este não conseguir pagar as suas dívidas.

Sem melhores opções, a rapariga aceitou. Como estavam num caminho cheio de pedras, o comerciante baixou-se rapidamente para apanhar as duas pedras e colocou-as imediatamente no saco. Porém, a rapariga, sendo muito cautelosa, apercebeu-se de que o comerciante colocara no saco duas pedras pretas, em vez de uma branca e outra preta. Logo a seguir, o comerciante pediu à rapariga para colocar a mão dentro do saco e retirar uma pedra.

Uma análise cuidadosa revelaria três possibilidades:

1. A rapariga recusava-se a retirar a pedra e o seu pai seria preso.

2. A rapariga mostrava que estavam duas pedras dentro do saco, expondo a falta de honestidade do comerciante.

3. A rapariga escolhia a pedra preta, sacrificando-se para assim poder salvar o seu pai da dívida e da prisão.

Pausa por um momento e pensa o que farias?

No caso da rapariga, ela colocou a mão dentro do saco e tirou a pedra. Mas, sem olhar para a pedra, deixou-a cair no chão, onde se perdeu juntamente com as outras pedras.

Desculpando-se por ser desastrada, a rapariga disse: “Não tem mal, se olhar para dentro do saco poderá ver qual é a pedra restante e assim poderemos saber qual foi a pedra que escolhi!” ”

Os tempos mudam e com eles novos desafios se impõem.

Desde sempre, a importância do espírito de comunidade esteve presente, pois a verdadeira alquimia acontece no relacionamento e não no isolamento. Investir oito horas do nosso dia numa empresa vai muito além do trabalho. Promover o equilíbrio na vida profissional e pessoal da equipa traduz-se numa vida com maior significado e satisfação.

“O minuto mais bem despendido é aquele que invisto nas pessoas.”

Através da nossa prática da imagem da semana surgiu a oportunidade de fazermos um treino no estúdio lateral com o Luís Lagos. Sabia que este treino não seria um treino típico, pois trata-se de um estúdio que promove um tipo de treino atípico. O comum de um ginásio é ter o foco na preparação física, no lateral o propósito é diferente. De nome Lateral, inspirado no pensamento Lateral de Edward de Bono, Luís Lagos e a sua equipa promove um treino que vai além do físico, pois diria que inicia no intelecto. Assim que tomei esta consciência face aos desafios que encarava a cada treino, propus fazê-lo em equipa.

Numa era em que fomos educados/ formatados para uma gestão vertical, hoje em dia esse tipo de gestão já não funciona para o propósito. Vivemos tempos em que facilmente andamos no automatismo digno de roda do hamster, numa era em que a essência e criatividade tornam-nos singulares. O automatismo destrói a criatividade, desconecta-nos.

Através da visão de uma gestão lateral, abriu-me a consciência que o despertar desta criatividade teria mais beneficio se fosse conjunta, em equipa de forma a fortalecer as sinergias entre nós.

Foi através do conhecimento do pensamento lateral que decidi pôr em prática com a equipa.

“Uma vez adquirido, a essência do conhecimento consiste em ser capaz de pôr em prática”

Fizemos o nosso primeiro treino e foi incrível como alargou a nossa visão sobre a equipa e tornou-nos conscientes dos aspetos a trabalhar para o bem comum. Tomar consciência que cada um tem a sua valência, a sua forma de comunicar, a sua estratégia e o seu “ponto fraco”. Ganhar consciência de todos estes fatores, fez-nos torná-los a nossa mais-valia de forma a chegarmos ao objetivo comum da melhor forma possível.

Normalmente tens um pensamento fixo ou promoves o interesse e oportunidade de o desenvolver?

Apenas algumas pessoas têm uma aptidão natural para o pensamento lateral, mas todos podem desenvolver esta habilidade se começarem a praticá-lo.

O pensamento lateral não é uma fórmula mágica que possa ser aprendida imediatamente. É uma atitude e um hábito mental. Praticar o pensamento lateral num ginásio? Desenvolver a estratégia e a criatividade através do desporto? Sim! Foi isso que encontrámos nesta actividade de equipa que facilmente passou de uma actividade casual para actividade mensal.

A diferença entre o pensamento lateral e o pensamento vertical é que com o pensamento vertical a lógica está no controlo da mente, enquanto com o pensamento lateral a lógica está ao serviço da mente.

Quantas pessoas terão uma única ideia nova no decorrer das suas vidas?

As novas ideias não são sinónimo de quem passa muito tempo à procura ou desenvolvendo-as.

“Charles Darwin passou mais de vinte anos trabalhar na sua teoria da evolução, e então um dia ele foi convidado a ler um artigo de um jovem biólogo chamado Alfred Russel Wallace. Ironicamente, o artigo continha uma exposição clara da teoria da evolução pela sobrevivência do mais apto.”

A diferença essencial é que, com o pensamento lateral todo o processo é controlado. Se o pensamento lateral optar por usar o caos, será caos por direção, e não caos por ausência de direção. Este conhecimento, tornou-nos pessoas mais conscientes da dinâmica praticada de forma a reconhecer padrões disruptivos para a dinâmica de equipa e facilmente alinhar para um bem comum. Ganhar responsabilidade individual para o bem do colectivo.

“Não somos apenas o nosso comportamento. Somos a pessoa que gere o nosso comportamento.”

Agradecemos a ti Luís e a toda a equipa do Lateral pelas coças que nos dão que nos levam à exaustão. Estamos a brincar, queríamos dizer transformação.

Fátima Gonçalves

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