A vida ensinou-me que somos mensageiros. Que é na partilha que crescemos.
Foi numa destas trocas que surgiu algo que mudou desde então a rotina da nossa equipa.
O mensageiro desta vez foi a nossa amiga Ângela Cardoso.
A palavra que descreve a sua profissão é a de consultora, no entanto para mim, a palavra consultora não faz jus à sua magia. Tecnicamente, ajuda organizações e equipas a materializar a sua visão de futuro e trazê-la para o seu dia-a-dia, assim como a colaborar na forma como trabalham para entregar essa visão à sociedade.
A definição de uma estratégia, a experiência de cliente e pessoas usuárias, é a parte tangível do trabalho de Ângela. O intangível, as relações entre as pessoas, tendo como objetivo de as ajudar a chegar ao seu propósito.
Para a Ângela, esta é a parte favorita do trabalho, à qual se refere como “desato nós”. Através de metodologias, práticas específicas – future foresight, design thinking, business agility, técnicas de facilitação, as suas intervenções ajudam a melhorar a colaboração e a comunicação dentro da organização e a otimizar a produtividade e a entrega de valor.
Cada projeto seu é adaptado ao contexto específico de cada organização e equipa, logo as intervenções variam muito.
No caso da Projecto 84, ao ouvir-nos, a Ângela sentiu que faltava um pouco de “grude” na nossa equipa e propôs um ritual simples: juntar a equipa uma vez por semana e que cada pessoa partilhasse uma imagem, uma ideia que lhes tivesse chamado a atenção. Desta forma, criaríamos um ambiente de partilha, onde a criatividade de cada pessoa inspira toda a equipa.
Foi interessante observar como é que as resistências de cada um surgiam. “Mas mostrar o quê?”, “Mostrar como?”, “Mas é um tema especifico?”. Um dia ouvi, “O ser humano não sabe o que fazer quando se dá liberdade”. Estamos de tal forma habituados a ser comandados que quando nos dizem que podemos fazer o que quisermos, ficamos desconfortáveis. Quando somos confrontados com o novo temos duas opções, rejeitar ficando no mesmo lugar ou abraçar o desconforto e evoluir com ele. Deu-se inicio a uma jornada que nos permitiu sair do modo automático e dar-nos a conhecer aos restantes elementos da equipa enquanto ser humano.
Durante esta jornada as partilhas já foram muitas. Desde um brunch em pleno atelier, uma aula de yoga ao por do sol, como aprender a tirar fotografias debaixo de água e até a fazermos diálogos através da arte.
Nestas partilhas temos acesso ao mundo do outro, de algo que em ambientes laborais com pensamento vertical, dificilmente há espaço para se dar a conhecer e ser visto.
Estas partilhas aproximaram-nos enquanto equipa, mas também já trouxe muito desconforto. E são nestas flutuações que damos a conhecer entre nós, muitas das nossas facetas.
Como criativos, necessitamos do novo para cultivar a criatividade. Através destas partilhas o nosso olhar muda. “E é na mudança que nos permitimos evoluir/ crescermos. A única maneira de mudar é aprendermos. A única maneira de aprender é expondo-nos a novidades. E a única maneira de nos expormos é se nos atirarmos a novas experiências.”
E tu, se tivesses a oportunidade de te sentares conosco à mesa, qual seria a tua imagem da semana?
Fátima Gonçalves





